terça-feira, 25 de agosto de 2009

A máquina.

'O tempo em nordestina passava rápido demais...'

E eu prestava bastante atenção em cada palavra que se era falada naquele filme.
Porquê eu sabia, eu tinha certeza de que ' no futuro, a palavra viraria poesia'.
E eu demorei pra entender algumas coisas, mas no final eu entendia.
Eu costumo me identificar com palavras.

'Pela primeira vez na vida Antônio botou seu próprio querer na frente do dela e disse, mesmo porque quis dizer, que desse jeito estava se sentindo um pouquinho desprezado. Ela então justificou-se na hora: ‘Desprezo é quando a importância da pessoa escapole do pensamento da gente por conta própria, Antônio. Eu tou tangendo tua presença da minha cabeça só para facilitar o cabimento de outras coisas'.'

Ah, realmente... 'como Karina falou bonito naquele dia...',
ela até falou um monte de palavras que nem eu, telespectadora, ainda sabia.

E me questionei sobre sentimentos, me questionei sobre poesia,
me questionei sobre um monte de coisas.
Até pensei : Nossa, como eles trabalharam bem nesse filme.

Aí, Antônio me respondeu :
' Eu não li, nem decorei e nem sei repetir. Porque sentimento de verdade não precisa ser documentado em papel, ou em romance ou em filme de cinema. Não interessa a mais ninguém a não ser a pessoa que se sente e dá responsável pelo afeto causado. A conversa aqui é somente entre tu e eu!'

Fiquei feliz. Mas era pra Karina...

E me encantei, mesmo que por ser pra ela.

E ela relutou. Disse algumas coisas que mostravam pra Antônio, que,
continuando com ele, ela não conquistaria o mundo.
E Antônio,
com todas as palavras que não eram ainda poesias, disse :
' Pois é o mundo que você quer, Karina? Deixa que eu trago ele pra você!'

E foi. Ele foi atrás do mundo pra Karina. Mesmo que o mundo estivesse meio desaprumado, do jeito que tava...

"...e haja palavra para explicar que sua leseira, ou sua extravagância, com acento circunflexo, era querer Karina até onde se pode querer alguém nesse mundo de meu Deus, com letra maiúscula, pois além de nome próprio, Deus é como atende nosso Pai e Criador. Com tanta palavra que existia e não havia uma que servisse para dizer o que Antônio sentia por Karina exatamente."

Se avexe não! Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada.

' Dou minha palavra de que vou para outro tempo, mais precisamente para o futuro, com a finalidade de verificar o prazo de validade desse mundo que vou dá de presente a Karina. Se minha palavra é garantir a boca eu ofereço então a minha vida ao caro telespectador '

A audiência subiu.

Ele saiu em busca do mundo, em busca do futuro,
chegou lá e viu que ia rolar uma ventania e uma chuva ia cair.
Mandou todas as mulheres segurarem as saias pra não subirem, e disse isso como prova de que havia ido ao futuro.
E falou ' E agora vai cair uma chuva.'
E a chuva caiu.
E assim seguiu, dizendo pra cada morador de Nordestina, ( que agora tem o nome - letra por letra - no mapa-múndi, N - O - R - D - E - S - T - I - N - A. ) o que cada um ia ser no futuro.
E todo mundo feliz, na seca mais molhada do mundo todo.

E no final, ele disse ' Lá no futuro estamos tu e eu juntos, Karina.'
E assim ficaram.


E eu, telespectadora, querendo ir 50 anos adiante, só pra saber como o futuro seria,
e voltar 50 anos antes e fazer tudo da maneira certa.
Erika antes e Erika depois da máquina.

'Lá de onde Antônio vem é longe que só a gota...'

Um comentário:

  1. Ahhhhhhhh. Lindo o post. Queria ter visto o filme também. Acho até que já ouvi falar alguma coisa dele, mas nem lembro o que, reconheci pelo nome da cidade. É bom ver um pouco mais de poesia sendo ligada ao sertão.

    Xeros!

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