domingo, 6 de junho de 2010

Sete de Junho.

Eu desisto! Desisto e me entrego.
Me sinto em plena guerra mundial do meu próprio e exclusivo mundo, levantando a bandeirinha branca.
Eu quero paz.
Assim, desse jeito não dá mais.

Está tudo fora do lugar, inclusive as minhas idéias.

Eu deitei nessa cama fria a noite inteira, li um pouco de filosofia para iniciantes - e me senti uma iniciante, devo admitir -, apaguei a luz artificial, levantei, e com a luz do meu celular fui até a porta do quarto, segui até o banheiro onde lavei meus pés. Escovei os meus dentes e tomei o meu remédio.
Deitei mais uma vez na cama fria, me cobri dos pés a cabeça e pensei em várias coisas idiotas antes de pegar no sono.
Mas o sono não quis me pegar, mais uma vez.
As coisas idiotas que pensava, deixaram então de ser idiotas e passaram a se tornar sérias, chatas.

Ai, essa vida do lado de cá não tem sido fácil. Pensei na (im)possibilidade de alguma coisa mudar. Pensei nos próximos dias e contei-os com os dedos das mãos, que por sinal, são poucos e só agora eu notei.
Dez dedos para vinte e quatro dias.
Minha cartela de remédios acaba daqui a alguns dias, mas ela sim tem remédios suficientes pra que eu possa contar com os dias.
Os vinte e quatro dias passarão, e eu ainda terei os remédios da mesma cartela. Quase no fim da cartela, quase no fim do sofrimento.

A mente cansada até pensou em tomar todos os remédios de uma só vez, pra ver se diminue a dor e pra ver se os dias acabam num dia só.
Mas o remédio não é pra dor, nem me ajudaria em nada. E os dias não vão passar, de qualquer forma.

Meu corpo não descansa mais durante a noite e parece até que ele sente prazer de assistir o relógio dar meia-noite.
É que toda vez que dá meia-noite a data muda no calendário e dá pra sentir os dias passarem assim.
Hoje é dia sete de junho de dois mil e dez, e eu desejo sem parar o dia trinta.

Preciso fazer tantas coisas e não tenho mente, tempo, coragem.
A minha mente está onde está a minha saudade. O meu tempo eu gasto no ócio.
E a coragem saiu correndo de mim. Se assustou quando me viu deitada o dia inteiro, quase todos os dias.

A minha alma está deserta, nesse mundo deserto.

Eu desisto de tentar entender, de tentar fazer, de tentar, tentar, tentar.A melancolia não sai de mim.

Chega de saudade.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O oco.

Faz muito sentido a saudade, quando ela é contada nos dedos.
Os dias começam a ser contados de forma bastante diferente. Subtração e soma.
Uma mistura caótica que vira bagunça fácil.
E agora a bagunça está dentro de mim, e fora também. Tenho meias sujas e algumas blusas de frio também. Preciso lavar e não consigo criar coragem. É que pra matar a minha saudade eu só preciso de roupas de verão.
Lá, onde a minha saudade mora, é quente o ano inteiro. Calor das pessoas. Calor do sol.

E eu até poderia anunciar aqui a minha dor, e vou : Dói estar longe.
E essa dor precisa ser curada, com muita urgência. Antes que a noite caia e antes que o dia amanheça. Porque a noite é bem perigosa, e o dia precisa ser feliz.
Precisa mesmo ser feliz, depois de dias intensamente sofridos.

Lá, no canto da minha saudade, todas as luzes estão acesas, me esperando com sorrisos verdadeiros.
E aqui, comigo, hoje, há pouco sorriso. Há pouca luz.

Se estívessemos numa época onde se escrevem cartas, eu estaria escrevendo exatamente isso, num papel, com uma caneta de pena preta – só pra representar bem a minha falta de cor.
O endereço de envio seria a rua Deputado Carvalho alguma coisa, colaria o selo e enviaria pelo correio. Talvez demorasse alguns dias pra chegar às mãos.
Me leriam assim, da maneira que escrevo agora. Porque a saudade era exatamente como eu descrevo aqui, mesmo há tantos anos atrás.

Saudade sempre foi meio dolorida, meio gostosa, meio azeda, meio doce. Bem salgada.
Sempre foi a ultrapassagem do limite.

A sensação é dessas, de que se passa o dia inteiro, todos os dias, esperando o dia passar.
Sei do que vivo, porque entendo de saudade. Seria pior não entender e não saber o que vivo.
Vivo de saudade, e sinto a saudade no estômago. Junto com a minha fome, criada pela falta de vontade de comer que a saudade me faz ter.
Eu preciso da presença, e não só dela. Preciso observar, absorver, comer.
Eu quero matar a fome que existe em mim, lá onde mora o melhor tempero.

Meu coração está batendo no mundo, e a minha saudade faz um oco. Dentro e fora.

Viva alto.

Um dia - e isso pode ser daqui a dois dias, daqui a dois anos, daqui a dez anos, não se sabe ao certo - você acordará, olhará para os seus pés tocando o chão pela primeira vez do dia e refletirá só - sem amigos por perto, sem álcool algum no sangue, ou qualquer coisa ilusória que te faça crer por um tempo que está tudo bem sempre - qual o sentido que a vida tem.
Então notará coisas que você deixou que passassem.
Lembrará das pessoas que tanto te amaram, e você as deixou ir embora de sua vida, sem nem dar um tchau. Pouco caso.
Recordará também daquelas que foram embora dizendo ' até logo...' e nunca mais voltaram.
Isso tudo acontecerá porque somos todos humanos. E é só isso que somos.
Viver justamente é um pedido que vem das minhas veias, do coração que bate, ferido, magoado, e ainda assim, crente.Queria te pedir pra que viva, viva, viva, mas que cuide bem da vida. Uma única oportunidade, como um presente.
E você saberá de todas as vezes que ultrapassou os limites das pessoas que passaram por você, e até os seus próprios limites. Não será difícil de saber.
O principal desejo meu, nesse momento, é que não sofra a dor do arrependimento, aquela dor que sempre vem com gosto bem amargo e que nos faz pensar em várias chances de termos feito de maneira diferente.

“Queria ter abraçado. Queria ter amado. Queria não ter odiado por tanto tempo.
Deveria ter beijado ao invés de ter tapeado. Poderia ter ligado só mais uma vez...”
Pensamentos típicos de quem se lamenta.
A morte pode vir para uma criança, como para um velhinho. E o amor também...É que viver realmente ultrapassa qualquer entedimento.
Não deixe que as coisas te influenciem a fazer o mal.
Não deixe de amar sua família, não esqueça de quando acordar agradecer pelas bençãos.
Porque aqui estamos nós. Todos nós, cantando juntos, num só coro : All we need is love.
Na vida, muitos irão crer que você é a proteção. Muitos acreditarão que você e mais ninguém é o guardião. Muitos te nomearão de amor. Muitos te pedirão perdão.
Muitos vão depositar toda fé em você.
Faça por onde.
Essa semana eu vi e vivi coisas que não são agradáveis e quero dizer ao mundo inteiro que aquela letra ridícula que diz ' cuide bem do seu amor, seja quem for', pela primeira vez faz muito sentido pra mim.
Cuide das pessoas que acreditam em você, que confiam em sua bondade, que depositam fé em você.
Não há mal algum em cuidar, afinal de contas.
O grande problema é de que no dia em que seus pés toquem o chão gelado e a sua cabeça esfrie, você não sinta que esfriou demais... E logo em seguida vem o grande inimigo da nossa mente, o peso.
Isso provavelmente acabará com você, e bom, como somos todos humanos... talvez seja bem tarde.
Você nunca saberá.