terça-feira, 31 de agosto de 2010

A palavra chave

Estou com saudade. E a saudade é uma coisa que machuca, que fere, que destrói a alma e o coração.
A saudade até certo ponto é saudável e depois, sei lá, parece uma coisa doentia.
Estou com saudade de casa. Estou com saudade da minha vida em Aracaju. E dói muito.
Quero meus amigos e minha família perto de mim.
Quero o cheiro das roupas. Quero os abraços sinceros e gargalhadas gostosas.
Estou com saudade.

Sinto um aperto no peito e meus olhos enchem de lágrimas.
Perdi a graça.

Quero beijar os olhinhos brilhantes do meu irmãozinho.
Quero abraçar vocês, meus amores.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Estranho hábito

Vou lhes contar a história da menina que engolia cabeças de bonecas. E fazia isso pelo simples fato de não querer sentir o vazio.
Sentia necessidade de se preencher. E porquê não ?
Para ela, ser vazia era chato, monótono, sem graça. Sem graça nenhuma.
As bonecas, no entanto, eram as coisas mais parecidas com seres humanos que ela podia criar um laço afetivo. Uma relação. Friendship e coisa e tal.

- Não se assuste.
A menina dizia para cada cabeça de boneca que engolia.
- Não se assuste... esse é o seu destino... me manter viva. Me manter de pé.

E as bonecas estavam sempre sorrindo pra ela. Era bonito até. Como se elas falassem com seus olhos brilhantes : “ – Pegue o que você precisa e vá ser feliz. Faça com que o seu coração pare de chorar.”

E a menina fazia isso todos os dias. Se sentia bem, mais viva.

Essa é a história sinistra, da menina que engolia cabeças de bonecas. E ela só fazia isso pra não se sentir tão vazia. Ela fazia isso apenas porque gostava de olhar os olhos das bonecas com tanto brilho.
Ela entendia que mesmo no fim, ainda há alguma esperança no destino.
Ela repetia isso todos os dias, pra que acreditasse que ainda, de alguma forma, havia uma luz. Um brilho. Algo a ser engolido, quem sabe.

Essa é a história mais louca que alguém já fez pra tentar se preencher um pouco, de alguma coisa. Qualquer coisa.