domingo, 20 de setembro de 2009

Três vezes Cinema Paradiso, música

Eu tenho gastura de escrever com caixa-alta.
Mas tem dias que eu sinto necessidade.Momentos. Não sei.
DEMASIADO HUMANO.
Espere. Agora eu vou escrever.

Loucamente e Freneticamente.
Não tente entender. Entenda só.
Eu preciso escrever coisas que meus dedos querem falar. Meus dedos querem gritar. E que a garganta não faz sair.
Preciso muito apagar as luzes, e deixar tudo meio sombrio, assim como está agora minh'alma. Espere, eu vou apagar as luzes.
...

Eu apaguei todas as luzes e pude sentir, dentro e fora a amargura. A dor. O amargo da dor.
Eu estava precisando ver o mundo sombrio - talvez - pra começar a perceber que tudo está realmente meio apagado.
E que a felicidade está meio sumida de mim. O amor está meio perdido. Está tudo caindo, tudo derretendo.
Eu mal consigo enxergar direito agora. É meio dolorido, sabia? Respirar e não sentir o ar entrando.
É meio vazio.
Tudo está meio vazio... E logo eu, que adoro ser transbordante.
Eu sei que você está aí, me lendo e tentando entender um pouco de mim.
Um pouco do que sou. Humana. Demasiada humana.
A dor que eu sinto no peito é a mesma que está nas pernas.
A vida me foi muito gentil até certo ponto e resolveu parar.
A música parou, e parecia que eu não tinha mais nada pra falar. Senti - em uma questão de segundos - a sensação de só falar de novo quando a música continuasse.
É a beleza da dor, do som, do amor.
É a beleza que um dia acaba. O som que uma hora acaba e o amor que nunca acabará.
Ah, eu não estou preparada, talvez.

O som meio distorcido, que se complica no caminho até o ouvido, pelos barulhos que faço enquanto derramo lágrimas e tento controlar o pouco som que sai de dentro de mim enquanto choro.
Chorar é horrível.
Eu queria mesmo era sorrir agora.
Chorar é horrível.
Obrigada - querido, - pela música deliciosa. Obrigada por ter me ajudado a chorar. Eu estava precisando.

Ontem eu vi, claramente, a dor de sentir dor. A dor do desamor. Hoje sei.
Desafeto - desafetado -, fato.
( E senti o amor - que ainda não se pode definir como amor. Mas isso é outra história... Talvez eu me complique aqui nessas palavras. Ontem foi um dia cheio de coisas. Amor e desamor. )

E uma vez eu disse que todo mundo se encolhe sob os lençóis e chora e passa os dedos pelas paredes - sentindo a tinta entrar nas unhas -, de desamor, de desafeto, de desgosto. Eu sabia, perfeitamente, do que eu estava tratando.
A música parou de novo, e foram os segundos mais angustiantes de minha vida - esses oito segundos - que passei sem escutar essa música que me faz chorar agora.
A alma está meio aliviada, embora murcha.
Se a alma sangrasse, eu estava derramando sangue pelos ralos.
Se o coração falasse, o meu estaria gritando por atenção, por um pouco só de entendimento.
Se eu pudesse, eu estaria explodindo o mundo com uma bomba.
Tudo isso faz parte de mim. Toda essa dor - quem sabe -, que eu busquei.

Eu disse pra você não dizer nada.
( Eu sei que você falou sem pensar. )

Eu não tenho medo do abismo. Eu não tenho medo de voar. Eu não tenho medo de quase-nada.
Eu tenho medo mesmo é de não saber voar algum dia. Medo de não conseguir olhar o abismo daqui de cima.
Eu tenho medo é da dor que não se pode ser sentida.
Eu tenho medo é de que a música pare de uma vez por todas e todos os sons cessem. E aí ?
Do que vale tanto tempo nesse mundo e não ter feito nada valer à pena?
Do que vale?

E essa coisa toda de desapego. Essa coisa toda de falta de/ medo de/ lógica para/ objetivo/, essas coisas todas gasturentas. Que me fazem desacreditar - por segundos - de uma vida sem lógica, mas que valha à pena.
Que me fazem, estranhamente, acreditar que realmente o que vale da vida é o que tanto lutamos para conseguir.
Estou entregue e você nem percebe.
Estou de corpo e alma nus e você - cegamente - não percebe.

Se a música algum dia parar pra aí, também vai parar pra mim.
E um dia quando menos esperarmos, nos daremos conta do que é vida.
Do que é morte.
Se a música parar pra mim, parou pra todo mundo.
Se os sons não saírem mais dos instrumentos musicais e se não forem direcionados à mim, apenas, CHEGA!, eu estarei exausta.

Abre os olhos. Abre o coração. Esquece a dor de ontem. Não me faça sentir mais dores que o normal!
Hoje eu vi o mundo sombrio. E ainda pus defeito no céu. Disse que era culpa do tempo, e que a tristeza havia chegado com a chuva. Bullshit.
A tristeza deve ter saído de mim e ido ao céu. O céu chorou por mim, que até pouco tempo atrás não conseguia derramar uma lágrima sequer.

Acho que eu não quero cair fora. Não ainda.

Desse mundo não se leva nada.

O amor é fundamental. Não sou cega, nem muda, muito menos surda.
Disso que estou falando.
Meu coração enxerga bem. Não se assuste.
Eu vejo exatamente o que se passa dentro e fora das pessoas.

Eu sei de sangue. Gosto de vísceras ( já deu pra notar ). E sou apaixonada por música.

Play me.
Pode falar.
A música parou outra vez.

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