segunda-feira, 8 de março de 2010

Visão.

Eu não me acostumo com as coisas pela metade.
Se um beijo é só pela metade, não pode ser beijo, é meio beijo.
E meio beijo nunca vai ser um beijo.

[...]


As mãos correndo das costas à cintura,
da cintura à lateral dos seios, e o faz-de-conta que parece mais uma
cena ensaiada de tango, onde os dedos não sabem por onde ir, e caminham lentamente entre a nuca e os cabelos, meio suados, da muita água que existe dentro do corpo.

E os suspiros que mais parecem preces feitas no escuro da noite,
entre as quatro paredes e as duas portas existentes num mesmo quarto, a do banheiro e a porta de entrada, luzes apagadas, tato: Me tenha sob a pele!

E não se sabe da futilidade que existe em meio a tanto amor?
E as preces, que agora parecem mais uma discussão, entre dedos, cabelos, suor e pele, muita pele, saem de dentro do corpo as palavras, pela boca : Me faça parar.

E fazer parar antes de começar não é nem metade.
Desconsidere o fato... era só fixão.
E fixão não é nem metade de um fato.

Olhares são bons porque são inteiros, mesmo que por um caolho.
Sempre achei que profundidade deveria ter como significado; olhos.
Quando sou vista, garanto que sou notada dos pés à cabeça, inteira e completa.
Mas o que é carne?
Se me olharem diretamente nos olhos, saberão.

Atreva-se.
Apaixone-se.
Envolva-se.
Sacie-se.
Completamente, como nos olhares.

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