sábado, 14 de novembro de 2009

Script de uma peça teatral.

tenho os pulsos machucados hoje pela manhã.
acordei com o coração cheio de mágoa, parecendo pus, dentro...
e tenho o peito imensamente dolorido, minha irmã que é psicóloga ontem disse um nome que se dá pra isso, mas eu não lembro agora.
ontem eu pedi muitas vezes pra morrer também. eu não consigo tirar minha vida de jeito nenhum. morro de medo.
me sinto pior ainda de não conseguir nem isso!
e pode soar bem ridículo isso que eu falo, mesmo, pq acabaram de ligar aqui em casa, era do gaac ( grupo de assistência à crianças com câncer ) e me pediram dez reais de ajuda pra uma campanha deles, imagino o quão dolorido seja ter câncer... principalmente quando ainda é criança.
eles lutam pela vida, né? e eu querendo morrer... vez em quando.
isso aconteceu agora e eu me sinto péssima pq ontem quis morrer.
mas eu tinha motivo suficiente, não é? eu tinha! eu tinha mesmo! era um câncer na alma.
ontem eu até comentei isso, que eu vou morrer de duas coisas na vida : ou câncer ou ataque cardíaco...pq eu sou assim, cheia de dor no coração e pus... e eu tento me desdobrar pra esconder isso, na realidade.
mas todo mundo é triste, ryane.todo mundo é triste. faz parte da gente ser assim.
o foda é que a felicidade existe e as vezes ela aparece dá um oi e vai embora e dói dói pra caralho quando ela vai embora.

e vc me fez ter vontade de ficar pra ver qual vai ser o final de tudo isso,
me fez ter vontade de sentir todas as dores insuportáveis dessa vida.
essas feridas da vida. esse absurdo todo nesse caos.

se for pra sangrar, que eu sangre junto à vc.
e eu também tenho muito muito muito, mas eu não sei o que é muito, nem sei do que é feito.
só sei que é muito.

e é exatamente dessa maneira que eu me sinto, quando a aproximação de qualquer pessoa me faz desabar mesmo, e já me senti assim várias vezes,
até já chorei quando me perguntaram ' como vc tá?' e eu chorei.

decadente.

triste decadencia de vida. quando se encontra pelos cantos, com uma garrafa de vodka, entornando-a guela a baixo, só pra criar coragem pra morrer. criar coragem pra ter falta de coragem.
criar coragem pra parar com tudo de uma vez por todas.
triste.

e as pessoas sentem, sabia? eu tenho uma amiga que hoje me ligou, dizendo que desde ontem tentou me ligar e não conseguia, mas que desde ontem ela sentiu muita vontade de me ligar só pra saber como eu estava.
e eu estava ruim, ontem. bem mal mesmo.
e hoje quando ela me ligou e falou comigo e disse que me amava e essas coisas todas, eu fiquei pensando em como ela estaria nesse momento se eu tivesse tido coragem ontem pra enfiar de vez aquela faca nos pulsos e tivesse sentido dor em silêncio e morresse deitada aqui no chão de madeira do meu quarto e fosse encontrada hoje pela manhã, pálida, sem sangue nenhum... tudo pelo chão.
até os sonhos.
e quantos amigos chorariam por mim... e quanta dor eu causaria nas pessoas.
e só pq eu não consigo controlar uma dor que é, de fato, muito insuportável.
eu não sou fraca assim. sou ? tenho amigos que me mandaram mensagens, amigos que hoje cedo me ligaram, outros que nem imaginam que ontem eu tentei morrer, e que hoje falaram coisas como ' eu te amo', ' estou com saudades de vc', e umas coisas que a gente nunca consegue imaginar quando está em desespero.

e eu preciso continuar viva, sabe... pra mostrar que eu sou palhaça e tenho orgulho de ser, pq o mundo é uma palhaçada mesmo, a vida é uma palhaçada, e eu adoro circos.

e pode parecer que tá tudo desorganizado aqui na minha mente, pq realmente tá, mas eu continuo sabendo a ordem do meu teclado pra escrever tudo perfeitamente.
eu nasci pra escrever e pra morrer escrevendo, pq se eu não escrever eu morro logo-logo.
é que por aqui eu desabo sem chorar. desabo a vida e a poesia inteira pelas mãos.
os dedos que freneticamente escrevem escrevem e escrevem.

e pode parecer tudo muito dramático, mas é pq realmente é um drama.
a vida é um drama, uma palhaçada eu já falei.
ontem eu tremia e chorava e gritava e via minhas veias saltando, e as veias que saltavam na minha garganta com choro e gritos e as veias que saltavam nos meus braços, loucos de vontade de esganar as coisas ruins. meus braços loucos de vontade de apertar o meu pescoço e me fazer ir.

quis sumir.

pensei em subir até o ultimo andar do meu prédio, lá em cima onde não tem ninguém,
e terminar a garrafa de vodka sozinha e tropeçar por alí pelas beiradas e morrer sentindo a sensação rápida de liberdade. eu e o ar.

pensei em fazer um monte de coisa que na realidade eu não tenho coragem de fazer.

e quando vc pediu pra eu te esperar 5 minutos e eu falei que não dava, era pq eu tinha certeza de que se eu ficasse 5 minutos te esperando eu ia tirar de mim o único pouco de coragem pra morrer que tinha em mim, e eu estava decidida a morrer.
cacete,
eu só queria morrer ontem.
que triste, que triste.
não vou te dizer que hoje eu acordei com a maior vontade do mundo de viver,
mas é que eu também não to com vontade nenhuma de morrer hoje.
e que se dane esse mal que me fazem.

eu fiquei por todos os que me amam,
por você
e um pouco por mim.

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