domingo, 1 de novembro de 2009

Dentro e nunca fora.

Eu quero ser sensitiva, a ponto de nunca esquecer o perfume do Jamil,
o espanhol dono de circo.
Quero lembrar exatamente do jeito engraçado do Jorge, o mexicano jogador de futebol. Que me ensinou que o som do J é como o R. Rórrê.
Do Niklas, que tentou me ensinar a falar alemão, e que me fazia usar aquela blusa com ICH LIEBE DICH algumas várias vezes. E que dizia, com um português um tanto ruim ' Eu gostar de estar com você, mas eu tenho medo de ir e você ficar...'
Porque são pessoas que marcaram. São pessoas que foram amores, por dias.
Amores.

O Eduardo, paulista, que saiu de Pirituba até Guarulhos de ônibus, comigo, com uma mala grande e muito amor no peito. E que viveu comigo a dificuldade de um 'tchau' tão dolorido, e sofreu a dor da despedida, juntamente comigo. Entre toffees, mãos dadas... step by step. Much more than this.
O Cesar, paulista, amigo do Eduardo, que me trouxe poesia, que me fez tremer de amor, que me fez chorar e acreditar que tudo pode realmente ser. E estar. E que pra sempre, vai me fazer cantar don't you shiver?, o meu número sete.

Quero ser sempre assim, sensitiva, pra não esquecer de quando a poesia desaba por dentro, como quando foi com a Marcella, paulista, do céu, do mesmo Deus, quando abraçada à ela, pude saber o real valor da realidade. E pude dizer que assim preferia, a realidade.

A Hannah, paulista, que acordou de madrugada e foi até guarulhos... que me esperou na frente do desembarque, alucinada de amor e ansiedade, assim como eu. E que dividiu um quarto de hotel comigo, só pra estar perto. Entre cigarros e conversas deliciosas.

A Ryane, que me ganhou com pouco tempo, que me levou a entender que estou pelos ares, e que abre - vez em quando - as janelas de sua casa, pra me sentir entrando... Que sorria comigo, passando as mãos bobas pelo corpo, só pra dizer alguma coisa que não fazia sentido nenhum,
mas que era engraçado, não por ser engraçado, mas por ser a gente.

O Luciano, que gostou de mim rápido e posso garantir a reciprocidade. Que me escutou bêbada, falando sobre amor. Que me abraçou forte, mostrando claramente que amor há sempre de pintar por aí.

O Rafael, que entre abraços e silêncio, me fez entender que pra ser especial, basta estar perto e amar. Que foi o último a chegar, e me abraçou mostrando o quão especial eu era, pra ele estar alí.

O Gabriel, que me fez gostar de lagartixas de uma maneira divertida, e que me tratou como uma velha amiga quando necessário. Que me ajudou a carregar as malas do Paraíso até Pirituba e que me abraçou como um velho amigo, também. Que conversou comigo, coisas da vida, me fazendo sentir em casa, mesmo dentro de um ônibus quase meia-noite, voltando pro hotel...

A Lígia, aquela, que sempre me recordo, com amor e samba nos pés, que me faz sentir saudade quando lembro de como me olhou nos primeiros minutos, e como repetia sobre a minha beleza.
Que reagiu de forma desesperada de amor, quando soube que eu estava chegando...

Mando um salve a todos os meus amores, de longe.

A Bruna, que ama o mesmo cara que eu, e que passou a ser a número oito. Falando sobre amor, juntas, chorando e sorrindo.



Quero mandar um salve, pra Renata, pra Mack e pra Nathy, que gostaram da minha voz, rouca e nordestina, cantando pra alegrar os bares e tudo ficar mais suave.

Queria dizer a todos vocês, do mundo inteiro,
que o coração é igual uma pensão de putas, sempre cabe mais um,
e que de alguma maneira,
vocês nunca mais sairão de dentro de mim.





E 'pensão de putas' é só pra lembrar Gabriel García Márquez em O amor nos tempos de cólera...
Quando ele diz : O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.






Quero nunca esquecer a calmaria que um dia essa cidade me trouxe,
e do caos que me fez viver nela.
Agradeço.

4 comentários:

  1. passei a existir melhor depois de você. obrigada, também, minha irmãzinha do nordeste, pelas canções, pelos sorrisos, por uma são paulo mais feliz

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  2. como a estrada, uma velha amiga...
    te registrei em 35mm

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  3. Em cada nome, um sentimento profundo bem servido para se abraçar, não sufoca,só alimenta a necessidade de tê-los como amores, como amigos, como seres autênticos em suas qualidades, em suas características que marcaram como se fossem mais que uma simples fortaleza que o tempo construiu.

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