segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Efusivamente palavras.

Senti uma vontade louca de escrever até os dedos sangrarem.
Pra demonstrar o tamanho da angustia que me tomou conta exatamente agora, quando lembrei de você.
Tive vontade assim, de sair correndo e tirando minhas roupas pelas ruas, até chegar em sua casa e dizer algo como 'pode encostar, sempre foi tudo seu.', mas aí eu não seria correta. Aliás, eu seria má.
Mas é que quando eu lembro de você me sinto tremer e me sinto arrepiar, como se um vento bem frio passasse sobre a minha pele, avisando aos meus poros que a droga está no ar. Como se eu fosse viver intensamente por dois minutos e depois morrer.
Como se eu fosse te ter a vida inteira e viver só mais dois minutos.
Lembro do seu toque, do seu abraço e de cada palavra e gíria que saía de dentro da sua boca que eu beijava sempre que me dava vontade. Vontade louca de você.
Dos beijos doces e dos quentes. Das mãos bobas e das mãos juntas. Cada coisa detalhadamente observada, gravada, feito tatuagem na pele. Pra nunca mais sair.

Lembro de todas as vezes que você passou as mãos com cheiro de cigarro pelos meus cabelos e me dizia que eram lindos, eles, os nossos cabelos.
Porque acabei me dando tanto à você, que tudo que era meu passou a ser seu também.
Ai, como dói de lembrar que agora eu não sou de ninguém.
Chego até a pensar que esse lance de ser de todo mundo é um jeito de fugir da realidade que dói mesmo. Dilacera com o meu coração. Sufoca a minha alma na parede.
Nas paredes do meu quarto, coitadas, que me escutam chorar sempre que penso em você. E nos seus cabelos que hoje em dia não tem mais nada de 'meu'.

Pensei em nascer de novo, mas teria que morrer pra isso. E viver é bom, sabe? Mas era muito bom mesmo quando eu tinha você pra respirar junto com a minha respiração.
Os corpos colados, a mesma cama, a mesma direção. Enxergávamos juntos a vida.
Se chovesse a gente se molhava junto e se fizesse seca a gente matava a nossa própria sede. Um com o outro. Um pelo outro. Os dois juntos, numa mistura intensa de tudo, dos corpos, da alma e do coração.
Tinha facilidade grande de sentir os cheiros quando estava com você. Até hoje quando sinto o seu cheiro por aí o coração gela. Pensando ele, pobre iludido, que irá te encontrar logo à frente.
Aquele perfume que eu te dei, muitos caras usam.

Minha alucinação. Minha perfeição. Minha confusão. Meu amor. Meu ódio. Meu tudo. Meu nada. Minha paz. Meu caos. Minha calmaria. Meu frenesi. Minha construção da alma, a destruição da mesma. Meu céu e meu inferno.
De dó a dó. Dor.
Muita dor, sem você, com você, sem você.

Foi-se embora e a saudade no peito inda mora.

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