terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Caminhos diferentes.

Eu acabei de dar tchau a três pessoas importantes em minha vida. Duas delas umas das mais importantes. Minha irmã Ellen e minha sobrinha Ester.
Escrevo porque choro, no momento, e preciso muito desabafar.
Manaus é longe pra cacete, e quando digo isso é porque sei do que estou falando.
É melhor sair de Manaus e ir pra Miami, do que vir pro nordeste.
É mais perto.

O coração doeu muito, quando em meus braços pude sentir o peso da minha pequena estrelinha de dois anos que sempre me chamava de tia elika de um canto ao outro dessa casa.
Me chamava quando acordava e eu ainda estava dormindo, batendo à porta do meu quarto, às 6 da manhã, 'able tia elika', e eu com muito sono, abria e não conseguia fazer outra coisa a não ser beijar sem parar aquela pequenina linda.
E o coração doeu ainda mais quando tive que sentir o cheirinho de bebê dela pouco antes de ela ser tomada dos meus braços pelo pai, meu cunhado, que aparentava estar com o choro entalado na garganta. Mas é homem, e era ele quem estava levando todo mundo pra longe, afinal de contas. Não que fosse culpa dele. Enfim.

Deixei a minha sobrinha nos braços do pai, que por sinal, é um super pai - e torço pra que Deus o conserve assim.

Abracei a minha irmã, que chorava muito, e falei do meu amor por ela em seu ouvido.
Disse algumas coisas a mais, além do amor, como ' se cuida por lá.' e fiquei abraçando-a enquanto ela com voz de choro dizia sem parar ' eu vou te visitar em São Paulo'.
É. Eu sei que falei sobre nordeste no início do texto, mas é que daqui a poucos dias quem vai se despedir sou eu... Vou pra São Paulo, tentar a vida.
Chorei. Chorei muito enquanto a abraçava.

Paramos de nos abraçar e minha mãe falava sem parar algumas frases que a minha Esterzinha falava vez ou outra, como se doesse muito nela também - e com certeza doeu muito, ela é avó.
E dói mesmo. Dói muito.
E minha mãe até brincou, dizendo ' Deixem a minha pequena...'.
E rimos, meio amarelos, pra parecer que algo de engraçado estava acontecendo.

Abracei o meu cunhado, e disse ' Eu também te amo e preciso muito que cuide bem delas.'.
Ele, com aquele jeito de homem certo que sempre teve, só me disse ' Eu amo vocês.'.
Tenho certeza de que cuidará muito bem delas.
Ele nunca nos decepcionou.

Despedidas doem. A cada dia que se passa eu só tenho mais certeza disso.


Eu dei as costas por segundos e não resisti, voltei correndo pra dar mais um beijo na cabecinha da pequena estrelinha, que dormia em meio ao caos.
Dei o beijo, virei e quando olhei de novo estavam todos dentro do carro, mal podia vê-los mais...
Chorei encostada no muro do meu prédio e minha mãe me abraçou falando frases da Esterzinha, novamente. Foi quando notei que a partir de hoje, eu não a veria mais crescer. Talvez daqui uns tempos ela nem lembre mais da tia elika... Vai ser difícil conquistá-la da próxima vez que nos vermos.

E agora, estou escrevendo pra tentar fazer com que a dor diminua um pouco.
Mas dói.
Talvez amanhã essa dorzinha passe.

Só tenho certeza de uma coisa nesse momento : cada um de nós está no seu mundo, sofrendo com o coração apertado pela dor da despedida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário